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Exportações de madeira nativa seguem paralisadas em portos do Norte do país.

Força-tarefa liderada pelo Ibama não consegue agilizar embarques.

As exportações de madeira nativa continuam paralisadas nos portos de Rondônia e Pará, no Norte do país, há mais de 100 dias. Nem mesmo a decisão da superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) em Belém criar uma força-tarefa de funcionários mudou o quadro. No mês passado, a unidade destacou uma equipe de 34 servidores para liberar os embarques, mas o ritmo seguiu
.
Algumas empresas optaram por levar as cargas para Paranaguá (PR) – por cabotagem ou mesmo por rodovias, em um percurso de mais de 3 mil quilômetros – para tentar enviar os produtos e honrar parte dos contratos com clientes no exterior, apesar dos custos com o deslocamento. Nos portos do Sul, há lentidão e falta de contêineres, mas os embarques demoram menos. Cerca de 20 contêineres com origem em Mato Grosso estão no pátio do terminal paranaense.

A crise chegou até o Palácio do Planalto. Na quarta-feira, representantes do setor madeireiro do Pará reuniram-se com o vice-presidente Hamilton Mourão, para pedir ajuda. Os empresários relataram a demora nos embarques e os prejuízos acumulados há quase quatro meses.
“Não sabemos mais a quem recorrer. Estamos sem exportação em larga escala no Estado, temos mais de 2 mil contêineres carregados e prontos para a exportação, com produtos legais, certificados, rastreáveis, mas paralisados”, disse o diretor técnico da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Eduardo Leão. “Estamos fazendo a nossa parte, produzindo de forma legal e sustentável, gerando renda e empregos. Porém, por ineficiência do órgão ambiental, estamos entrando em uma crise sem precedentes para o setor”, concluiu.
lento

Os embarques de madeira nativa, como ipês e jequitibás, estão paralisados desde que o Ibama foi obrigado, por força de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a voltar a emitir a Autorização de Exportação. O processo ficou mais burocrático, o que impactou o fluxo, segundo o órgão.

Protestos
Em 15 de setembro, após protestos no porto de Vila do Conde (PA), a superintendência do Ibama no Estado emitiu uma ordem de serviço para 34 servidores atuarem apenas na análise e aprovação das exportações, com metas estabelecidas de três processos por fiscal por semana. O resultado foi nulo, de acordo com o operador portuário Dario Lopes.
Para Frank Rogieri, presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), os problemas ameaçam a sobrevivência das empresas. Ele cobra respostas ao setor. “O Ibama está apostando que na hora que colocar o novo sistema de exportação para rodar, isso estará solucionado. Só que as empresas estão falindo. Estamos há mais de 100 dias com problemas intensos para exportar via Belém”, disse.
“Muitas empresas já deram férias coletivas a seus funcionários e estimamos prejuízos de, pelo menos, R$ 1 bilhão”, disse Eduardo Leão, da Aimex. Ontem, a Justiça do Pará determinou que o Ibama deverá concluir em 15 dias a análise dos processos de exportação parados nos portos do Estado. Procurado, o Ibama não se manifestou.

Valor EconômicoPor Rafael Walendorff — De Brasília