Ir para o conteúdo

Madeira tem papel importante na solução do déficit habitacional no Brasil

O déficit habitacional no Brasil, atualmente, é de 6,1 milhões de moradias, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, a lei nº 11.888, de 2009, conhecida como Lei de Assistência Técnica, garante às famílias de baixa renda (que ganham até três salários mínimos) acesso público gratuito para projeto e construção de habitação de interesse social. O grande desafio está em encontrar alternativas e soluções para equilibrar essa balança, entre demanda, oferta e financiamento. Neste cenário, a construção de habitação popular em madeira pode ser uma alternativa.

Este foi um dos assuntos discutidos nesta semana, em Brasília, pelo Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (CIPEM) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB). O objetivo da reunião foi aproximar as organizações que representam os setores de produção e comercialização de madeira, com o órgão que desenvolve pesquisas e projetos para sua utilização e fomento.

Durante a visita, os representantes do FNBF e do CIPEM conheceram uma casa construída no âmbito do Projeto Habitação Popular em Madeira, desenvolvido pelo laboratório de produtos florestais do SFB. A casa possui 52m², contendo sala, dois quartos, cozinha, área de serviço, varanda e banheiro. Todos os detalhes do projeto arquitetônico, especificando produtos e metragens utilizados na obra constam em uma cartilha. “Esse é um exemplo de uso social da madeira e de como é importante esse diálogo do setor com outros órgãos. A casa pode ser construída com Madeira Laminada Colada (MLC), por exemplo”, disse Rafael Mason, presidente do CIPEM.

Esse tipo de proposta pode ganhar mais escala, pois a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já especificou regras para a utilização de madeira serrada há bastante tempo e trabalha na criação de novas normas para a utilização de resíduos madeireiros. “A importância dessas reuniões é justamente encontrar e encaminhar possibilidades de atuação em parceria tendo o setor econômico (de produção e da indústria) e o setor de pesquisa trabalhando para a promoção do desenvolvimento social”, argumentou Geraldo Bento, presidente do FNBF.

Algumas experiências de construção de casas populares em madeira já foram executadas nos estados do Acre e de Mato Grosso, cuja capital, Cuiabá, recebeu 300 unidades habitacionais construídas com rejeitos da indústria madeireira, em 1996, através do Programa Morar Conscientizar.

O próximo passo, aponta Valdinei Bento dos Santos, diretor executivo do CIPEM e superintendente do FNBF, poderia ser aproximar as entidades bancárias. “O financiamento de habitação de madeira, bem como do Plano de Manejo Florestal Sustentável, ainda é um entrave. Muitas vezes por desinformação. Podemos pensar em uma aproximação com esse setor para alavancar mais essa frente de desenvolvimento para o setor florestal”, argumentou.

Raimundo Deusdará, diretor do SFB, reforçou o convite para que as organizações estejam próximas e mantenham o diálogo sempre aberto, afirmando que a visita também foi muito importante para toda a equipe do órgão.

Por fim, um outro material muito interessante foi mostrado durante a reunião: uma bicicleta cujo esquadro é feito de madeira, demonstrando, novamente, as várias possibilidades de usos e reutilização desse recurso natural.

Daniela Torezzan – Assessoria de Comunicação CIPEM